Em agosto, ainda durante a pandemia de Covid-19, que matou 137.367 pessoas no Brasil, metade das operadoras de turismo do país vendeu viagens para os meses de novembro e dezembro deste ano, segundo balanço divulgado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa).
As operadoras são empresas que montam pacotes e programas de viagens, que são comercializados pelas agências de turismo, e os membros da associação representam 90% dos roteiros de lazer vendidos no Brasil.
A associação avalia que o setor passa por uma retomada gradual e lenta, depois de ter sido duramente impactado desde março pela pandemia de COVID-19, que exige o distanciamento social como principal medida de prevenção.
Em abril, 54% das operadoras não realizaram nenhuma venda, enquanto em agosto o percentual foi de 21%.
O faturamento das empresas ainda segue bem abaixo de 2019, segundo o balanço divulgado.
Para 40% das empresas, o faturamento em agosto teve uma perda de 90% em comparação com agosto do ano passado.
Apesar disso, 87,5% das operadoras de turismo consideram que agosto foi melhor ou igual a julho.
A expectativa do setor é que o segundo semestre de 2020 tenha um faturamento menor que a metade do registrado no mesmo período em 2019.
Essa é a previsão de 71% das operadoras, que lidam com a redução da capacidade de todos os serviços relacionados ao turismo, como voos, restaurantes, hotéis e outros serviços.
A pesquisa da associação mostra, ainda, que 67% das operadoras venderam pacotes para o primeiro semestre de 2021. Entre as empresas consultadas, 29% declararam ter comercializado também para o próprio mês de agosto, 44% para setembro e 46% para outubro.
Os percentuais superam o segundo semestre de 2021, que foi comercializado por 38% das empresas.
Um dos destaques do balanço é a redução do cancelamento de viagens. Em julho, 73% das operadoras tiveram vendas canceladas, enquanto em agosto o percentual caiu para 30%.
O destino vendido com mais frequência foi o Nordeste, com embarques comercializados por 83% das operadoras.
Em seguida, vieram Sudeste (80%), Europa (75%), Sul (74%), Centro-Oeste (70%), Norte (62%), América Central/Caribe (62%), América do Sul (55%), América do Norte (48%), Ásia (48%), Oceania (48%) e África (24%).
Os destinos mais procurados no Nordeste são Salvador e Porto de Galinhas, enquanto no Sudeste figuram Angra dos Reis e interior de São Paulo.
No exterior, os embarques mais vendidos são para Portugal, Itália, Cancún, Punta Cana, Orlando, Miami, Maldivas, Argentina e Peru.
Viagens curtas se tornaram uma tendência mundial de retomada do turismo. A de vários viajantes tem sido pegar a estrada de carro até um lugar não muito longe – e deixar ônibus e avião para uma próxima oportunidade, evitando o contato com outras pessoas.
Percebendo esse movimento, as operadoras de turismo passaram a investir ainda mais em pacotes só com hospedagem (ou combinados com passeios).
“A representatividade das hospedagens sem voo nas nossas vendas cresceu 32%, se compararmos agosto deste ano com o mesmo período do ano passado”, afirma o diretor-geral da Decolar, Alexandre Moshe, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo.
As viagens curtas vendidas pela empresa, geralmente, oferecem de duas a cinco diárias, diz Moshe.
A BWT Operadora também registrou crescimento nas vendas de pacotes só com hotel em todos os Estados.
“São demandas bem específicas e que variam de acordo com a região, mas posso afirmar que as pessoas estão voltando a viajar e estão preferindo carro”, diz o gerente geral, Gabriel Cordeiro.
Ele explica que não precisou adaptar o portfólio para a nova demanda. “O que mudou foi o direcionamento de divulgação para pacotes dessa natureza. Criamos até o selo Viaje de Carro.”
Um dos pacotes da BWT, por exemplo, tem como destino o Enjoy Olímpia Park Resort, em Olímpia, no interior paulista. Inclui café da manhã, jantar, estacionamento e cortesia para até duas crianças com no máximo 12 anos, além de um dia no parque aquático Thermas dos Laranjais (com reabertura prevista para 1º de outubro). No hotel, as operadoras responderam por metade do total de check-ins em agosto.
Os resorts, aliás, se destacam entre as acomodações favoritas dos viajantes no levantamento de agosto da Braztoa com dados sobre a comercialização de seus participantes, que respondem por cerca de 90% das viagens de lazer no País.
Confirmando o interesse por lugares próximos, a terceira posição na preferência foram hospedagens a até 400 quilômetros da cidade de procedência. Sobre a duração, até 4 dias e viagens de fim de semana ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente.
O viajante pode customizar seu roteiro com a operadora, adicionando à acomodação produtos como aluguel de carro, por exemplo. Mas, se agora as pessoas querem mesmo é hotel, as empresas foram atrás de variedade.
Monte Verde, distrito de Camanducaia, no extremo Sul de Minas, está entre os dez mais buscados no Booking. O sistema de reserva é importante parceiro da hotelaria local, ao lado da Expedia, de acordo com a Agência de Desenvolvimento de Monte Verde e Região (Move).
Desde 4 de junho, as atividades turísticas começaram a ser retomadas no local. Para evitar aglomeração, hotéis mantêm piscinas e outras áreas de lazer seguem fechadas. A Pousada SPA Mirante da Colyna comunica as novas regras logo na entrada do seu site. Nada que a localização privilegiada não resolva, com um amplo visual das montanhas.
Nesta segunda-feira (21), empresas ligadas ao setor de turismo tiveram forte queda nas Bolsas de Valores globais com o avanço da Covid-19 na Europa. O índice de ações viagens e lazer da região caiu 5,2% e, no Brasil, os papéis da Gol caíram 8,46%, a R$ 18,40 e os da Azul, 7,80%, a R$ 26. Embraer teve queda de 4,79% (R$ 6,36) e CVC de 4,40% (R$ 16,52).
Além disso, as ações de bancos tiveram fortes quedas após reportagens denunciarem cerca de US$ 2 trilhões (R$ 10,80 trilhões) em transferências suspeitas por grandes credores.
O Ibovespa cedeu 1,32%, a 96.990 pontos, menor patamar desde 3 de julho. O dólar subiu 0,44%, a R$ 5,3990, maior valor desde 31 de agosto. O turismo está a R$ 5,70.
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