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Na Imprensa

09/02/2009

Viagem de navio: de sonho a possível pesadelo

Cruzeiro no litoral de Salvador: passageiro deve ficar atento às cláusulas dos contratos da viagem e não abusar da comida

Cruzeiro no litoral de Salvador: passageiro deve ficar atento às cláusulas dos contratos da viagem e não abusar da comida

Viajar de navio deixou de ser privilégio da classe A. A oferta maior de embarcações e os preços mais competitivos abriram espaço para a classe média estrear nas viagens em alto-mar. Neste verão, há 15 navios na costa brasileira, com capacidade entre 2 mil e 3,5 mil passageiros cada um. Isso significa que pelo menos 30 mil turistas vão embarcar de férias pelo alto-mar no país.

No auge da temporada de cruzeiros no litoral brasileiro, notícias sobre mortes e intoxicações a bordo de navios podem causar apreensão a turistas com viagem marcada. Por isso, os advogados e entidades ligadas ao consumidor recomendam que sejam tomadas precauções antes e durante a viagem. O consumidor deve estar atento principalmente à localização da cabine, escalas programadas, atrações e serviços disponíveis (ou não incluídos) no valor do pacote, trajes mais adequados. Em pacotes com comida e bebida incluída, a recomendação geral é que os passageiros não abusem no consumo.

Na hora de fechar o contrato, o passageiro deve ficara atento às cláusulas dos contratos da viagem. “O transporte marítimo não tinha demanda grande no Brasil. Agora é que está crescendo. Com isso, o consumidor não sabe quais são seus direitos e deveres. A pessoa deve procurar saber, por exemplo, qual é a multa em função da desistência estipulada no contrato”, afirma Luciana Rodrigues Atheniense, advogada e professora na área de legislação turística da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). A maioria dos preços das viagens também não inclui o transporte até o porto de embarque no navio, que é de responsabilidade do passageiro.

A coordenadora do Procon Municipal, Stael Riani, ressalta ainda que no caso de desistência é aconselhável que o consumidor comunique à agência de turismo o mais cedo possível. “Quanto antes, menor o valor da multa”, diz. É importante ainda que saiba o lugar da cabine, se é externa ou interna, pois os valores são diferentes.

No caso dos passeios por águas internacionais, Riani lembra que o passageiro deve estar com passaporte nas mãos. “Se a pessoa não estiver com documento em dia, pode ficar retida”, observa. A advogada afirma também que, no caso de incidentes, o passageiro pode abandonar a embarcação e pedir parte do pagamento de volta.

Nas férias deste ano, o empresário Diego Mendes de Oliveira, de 26 anos, morreu no navio Soberano, da CVC, por insuficiência respiratória. Ele viajava pelo litoral do país na companhia do irmão e de dois amigos em janeiro. A suspeita mais provável é que tenha ingerido ostra contaminada na passagem do navio por Salvador.

Segundo informações da CVC, Oliveira começou a apresentar febre alta, diarreia e vômitos na noite anterior à fatalidade. Amigos e o pai do empresário acusaram a equipe médica a bordo do navio de negligência no atendimento ao rapaz e de cobrarem pelo serviço médico a bordo. A CVC nega. Segundo a operadora, a cobrança “pode ter acontecido no primeiro momento”, logo que o atendimento foi solicitado e o médico ainda não sabia do que se tratava, mas que não foi efetuada. Ele foi medicado pela equipe médica do navio três vezes. A última com quadro de hipertensão e vermelhidão. A CVC descartou a hipótese de intoxicação por alimento ingerido no navio. Segundo a operadora, isso só fica constatado quando pelo menos 2% dos passageiros a bordo apresentam sintomas semelhantes.

O pai de Oliveira reclamou ainda do médico, que seria colombiano. Disse que, por não falar português, o profissional não entendia seu filho. A advogada Luciana afirma que, apesar de o navio geralmente ter bandeira estrangeira, é recomendado que o médico fale português. “É importante ainda que o passageiro formalize as medicações que foram passadas e se os procedimentos foram colocados no livro de bordo”, observa.

Fonte: Estado de Minas / UAI / Econômia – Geórgea Choucair

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