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Na Imprensa

27/03/2012

Segurança é um ponto fundamental na programação de sua viagem de férias

No momento em que vai programar um passeio ou as próximas férias, você dedica tempo e recursos para garantir atividades seguras? Em um país festeiro como o Brasil e de sol quase constante, você imagina que algo pode dar errado ou até resultar em um acidente?

Quando entregou sua filha ao guia do resort em Maragogi, Alagoas, para fazer uma cavalgada, não passava pela cabeça de Silvia Basile que aquele seria o último momento em que veria Vitória com vida. “Eu jamais imaginei que ele a deixasse cavalgar sozinha e menos ainda que não tivesse visto a possibilidade de a barrigueira do animal afrouxar”, lamenta a mãe.

Vitória, que em 2012 completaria 20 anos, tinha 10 quando foi vítima da negligência dos operadores de um serviço vendido como de baixo risco. O acidente tirou um pedaço da família Basile e virou ação que ainda corre na Justiça. Mas, principalmente, foi utilizado como propulsor para a criação de um trabalho que já ajudou a preservar muitas histórias: a Associação Férias Vivas.

A entidade é uma Organização Social de Interesse Público (Oscip) que luta junto aos poderes constituídos – como Ministério do Turismo e Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, que ajuda a regular o setor) –, empresários e consumidores para fazer com que o brasileiro sempre tenha em mente a questão da segurança antes de programar qualquer saída ou viagem.

Em seu site, é possível encontrar orientações para os mais frequentes eventos de lazer no Brasil e exterior, como visitas a espelhos d’água, embarcações, espeleoturismo, expedições fora de estrada, jet ski, mergulho, montanhismo, turismo equestre e voo livre, bem como gerenciamento de riscos, plano para atendimento às emergências, prevenção, procedimentos básicos, segurança e responsabilidade civil.

“Nesses momentos, as pessoas estão relaxadas, mas não podem deixar de conviver com a ideia da prevenção. Deve ser um comportamento rotineiro. Cuidar da segurança pessoal e da família tem de ser como tratar da higiene: com metodismo. É algo que precisa estar internalizado”, defende Silvia. Para ela, os consumidores têm de saber que “férias e lazer são momentos de relaxar, mas que o planejamento pode ser racional”.

Ela se ressente, contudo, pelo fato de que “não existe a crença de que esse trabalho seja importante. É triste, mas a repercussão das últimas ocorrências em parques de diversão e com jet skis amplia a visibilidade de nossas ações. E mostra como a prevenção é crucial. É preciso analisar, planejar e avaliar o tipo de risco que a ação vai envolver. O que você consegue prever, você consegue evitar”, garante.

Silvia entende que “muito já se avançou no tratamento da questão em nosso País. Mas, lamentavelmente, muitos empresários do setor ainda veem esse trabalho como custo e não como investimento. Quando me chamam para fazer uma palestra, pedem que seja gratuita e ainda cogitam a possibilidade de eu arcar com as despesas da viagem.”

A sobrevivência da Férias Vivas depende exclusivamente dos recursos da própria Silvia. Não há um único parceiro que destine qualquer apoio financeiro para a manutenção da Oscip, que tem custo fixo mensal de R$ 3,5 mil.

Outro problema é a formação dos profissionais. Ana Maria Colognesi, colaboradora da Férias Vivas, formada em Turismo por uma das principais faculdades do setor em São Paulo, garante que nunca teve “uma única aula sobre segurança do consumidor. Apenas palestras, pois isso não fazia parte da grade curricular”.

Em Belo Horizonte, a advogada Luciana Atheniense atua em duas frentes para fundamentar conceitos de segurança a quem oferecerá serviços e para aqueles que os contratam.

De um lado, leciona Direito do Consumidor para turmas em formação na área de Turismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais. De outro, mantém independentemente o site Viajando Direito, que esclarece dúvidas e demonstra as responsabilidades nas relações entre viajantes e agentes, transportadores e prestadores de serviços.

Autora dos livros Viajando Direito e Responsabilidade Jurídica das Agências de Viagem, Luciana defende que “o País pare de reagir na consequência, para agir nas causas” em se tratando de responsabilidade dos fornecedores e de consumo consciente por parte do público. “O consumidor precisa aprender a não buscar apenas o melhor preço, mas a maior seriedade.”

Conforme Leonardo Persi, coordenador de Formalização da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), a Lei Geral do Turismo existe para ser cumprida, assim, o empresário que atua de forma responsável e é atento às necessidades dos consumidores, deve seguir as boas práticas.

Persi diz que “hoje existem 94 empresas com Sistema de Gestão da Segurança certificado em diversos estados, seguindo os mesmos procedimentos de países como Nova Zelândia, Reino Unido, Espanha, Portugal e Argentina”. E que é seguro viajar para destinos de ecoturismo e de aventura no País. “O fundamental é estimular a cultura da vida ao ar livre, divulgar os locais e empresas que têm feito seu dever de casa e ampliar as ações de qualificação e certificação, para que em breve o Brasil possa levantar a bandeira de país líder nas viagens para natureza, como um dos melhores e mais seguros destinos mundiais para se viajar.”

Fonte: Diário do Comércio

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