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Notícias

06/06/2012

Cresce o número de furtos no aeroporto de Guarulhos

O número de furtos registrados na Delegacia do Aeroporto Internacional de Guarulhos, localizado na Grande São Paulo, cresceu 33,5% entre 2011 e 2012, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública. As ocorrências incluem furtos a pessoas, veículos, mochilas e violação de malas, tanto na área de espera do aeroporto quanto no momento e após o embarque.

Os valores correspondem aos boletins de ocorrência registrados nos quatro primeiros meses de 2012, em comparação com 2011. Foram contabilizados 514 furtos neste ano, contra 385 no mesmo período do ano passado. Fevereiro e março de 2012 foram os meses em que ocorreram mais crimes deste tipo – 138 e 140 furtos, respectivamente.

O aumento no número de voos e de passageiros é um dos fatores que influencia o grande número de furtos, segundo o delegado titular da delegacia de Cumbica, Raul Machado Tiltscher. O aeroporto é o mais movimentado e com maior número de voos diários no país, segundo a Infraero (empresa que administra os aeroportos). Só em abril, o movimento operacional chegou a mais de 92,5 mil aeronaves com o trânsito de 10,4 milhões de passageiros.

As principais vítimas são passageiros descuidados no check-in e na espera dos voos, afirma Tiltscher. Os crimes ocorrem, em geral, entre 5h e 10h, horário em que há maior movimento no saguão de Cumbica. Muitos voos chegam e partem de Guarulhos nesse intervalo, ressalta o delegado. “A vítima, em geral, é a que perde a visão dos seus objetos. Ela está no autoatendimento, com a atenção voltada para o aparelho de check-in, e a mala está atrás, seja no carrinho ou não, sem ninguém vigiar”, diz o delegado. Ele orienta os passageiros a sempre manterem contato físico ou visual com malas, bolsas e mochilas. “Se vai fazer o check-in, coloca o carrinho ao lado, à frente. Nunca atrás”, afirma.

São raros os crimes no aeroporto em que ocorre violência ou ameaça, segundo o delegado. “Eu diria que 95% dos casos registrados aqui [no aeroporto] são de furto simples”, diz ele. Outra razão para o aumento no número de furtos são os registros duplos, aponta Tiltscher. “A bagagem do passageiro é roubada em Miami, em Orlando, e ele percebe no Brasil. Ele vai registrar aqui [em Guarulhos], não lá.”

Não há registro de homicídios dolosos ou latrocínios no aeroporto em 2011 e 2012, segundo os dados da secretaria. Dez casos de lesão corporal dolosa foram registrados neste ano, menos de 2% dos boletins de ocorrência registrados em 2012. Na análise das ocorrências de furto em Cumbica por trimestre, considerando de janeiro a março, o crescimento foi de 317 casos, no ano passado, para 404 casos em 2012 – aumento de 27,44%.

Cadeado

Vítima de um furto ocorrido após embarcar em Cumbica no dia 18 de maio, o economista Thomas Visani não notou que seu iPad e uma camiseta de time de futebol haviam sido levados de sua mala até chegar a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A bagagem estava fechada com um cadeado de código, que pode ter sido aberto entre o embarque no aeroporto e a chegada à capital gaúcha. Ao pegar a bagagem, o cadeado continuava fechado.

“Fiz o despacho mais de duas horas antes de embarcar. Quando cheguei e peguei minha mala, ela estava exatamente do mesmo jeito, eu não tinha suspeita”, diz Visani, cuja namorada é de Porto Alegre, cidade que ele visita com frequência.

“Ao pegar a mala, mais tarde, notei que o código do cadeado estava diferente. Eu abri, vi que faltava o iPad, minha camiseta e que havia roupas de outra pessoa na bagagem.”

Dentro de sua mala, Visani encontrou um pijama feminino e uma calcinha. “Ainda bem que não deu problema com a minha namorada, porque ela estava comigo quando eu vi que sumiu o iPad”, disse ele. O economista acionou o rastreador do aparelho e recebeu a informação de que ele continuava em Guarulhos. Dois dias depois, no entanto, o rastreador parou de funcionar.

A partir daí começou uma “batalha” entre o economista e a companhia aérea Avianca. Por telefone, ele informou a empresa do ocorrido e ouviu que a responsabilidade não era dela. Foi aberto um chamado interno da Avianca, que perdurou por duas semanas, até esta sexta-feira (1º). “A última resposta que eu recebi é que eles continuavam insistindo que a responsabilidade é minha. Depois fecharam a ocorrência”, disse Visani. Ele entrou em contato diversas vezes pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da Avianca, pelo Twitter e por e-mail.

Todas as vezes que ele reclamava nas redes sociais, a empresa ligava, mas não resolvia o problema. “Vou abrir um processo contra a Avianca, porque foi furto sob responsabilidade deles. Vou deixar registrado na Infraero, na Anac [Agência Nacional de Aviação Civil] e vou procurar o Procon”, reclamou.

O delegado titular do aeroporto, Raul Tiltscher, disse que pretende falar pessoalmente com o economista – seu caso pode ajudar na investigação do furto de bagagens em Guarulhos. “Às vezes, em um mesmo voo, quatro bagagens são violadas. A maior parte dos casos são abuso de confiança do funcionário, que se vale do crachá da empresa, autorização da empresa para retirar a mala de dentro do avião, colocar no carrinho. Nesse meio tempo, ocorre o furto”, analisa.

Grupos organizados

As investigações apontam a existência de grupos organizados de criminosos, ressalta o delegado. As mesmas quadrilhas atuam não só no Aeroporto de Guarulhos, mas também em Congonhas, em Viracopos (aeroporto de Campinas) e nos terminais rodoviários paulistanos. “O perfil do furtador é bem vestido. Ele anda de blazer, usa calça de alfaiataria, sapato social e cabelo com gel. Tem senhoras entre eles, às vezes”, comenta Tiltscher.

Fonte: G1

 

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