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Notícias

24/05/2013

Cegos impedidos de embarcar em voo relatam ”situação vexatória”

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) vai investigar as circunstâncias em que quatro cegos foram impedidos de embarcar no voo 4273 da companhia aérea Azul, entre Ribeirão Preto (SP) e Belo Horizonte, no domingo à noite. Três mineiros e um capixaba alegam que o comandante os informou, já na sala de embarque, que levaria apenas um, “por medida de segurança”. “Segundo ele, mais de um levaria perigo à aeronave”, conta o analista de sistemas e professor Crisolon Terto Vilas Boas, de 54 anos. Os quatro voltavam de um torneio de xadrez em Altinópolis (SP). Na hora, decidiram pelo embarque do enxadrista morador de Vitória, que pegaria conexão em BH.

Os três foram para a delegacia da cidade prestar queixa. “Não entendemos, porque antes de nós, três cegos embarcaram para Brasília, e depois dois para Campinas (SP). O próprio gerente informou que não havia restrição, foi uma decisão do comandante”, disse Vilas Boas. “Foi uma situação vexatória. Ficamos 40 minutos em pé, com todos os passageiros embarcando e nos perguntando por que não iríamos. Parecia que éramos uma coisa, não passageiros. Ninguém da Azul nos dava informação”, relatou.

Segundo o professor, no dia seguinte foi mantida a decisão de embarcar um por um. Crisolon só conseguiu viajar às 18h de segunda-feira, 24 horas depois. Ele conta que já viajou mundo afora e nunca passou por constrangimento semelhante. Esteve inclusive num voo da Polônia para a Suíça, no qual haviam 192 cegos, voltando também de um campeonato de xadrez. O professor tem passagens compradas pela mesma companhia para Recife e Vitória, para disputar torneios, e espera não ter o mesmo problema. Ele e os amigos estão decididos a entrar na Justiça contra a empresa. “A companhia me ligou e disse que está fazendo análise para oferecer medidas para ressarcir os prejuízos.”

A Anac pediu à companhia informações sobre o caso e informou que, de acordo com a Resolução 09/2007, que trata do acesso ao transporte aéreo de passageiros que precisam de assistência especial, as empresas não podem limitar o número de portadores de deficiência que possam se movimentar sem ajuda ou que estejam acompanhadas. Mas a mesma resolução determina que o número de passageiros sem capacidade de se locomover sozinhos e que estejam desacompanhados não pode exceder 50% do número de tripulantes da cabine, visando à segurança em casos de necessidade de evacuação. Essa norma de acessibilidade está em processo de revisão.

A Azul, por meio de nota, informou que a atitude foi tomada para “a segurança de voo e cumprir com a legislação vigente”. A companhia alega que só teve conhecimento da condição dos passageiros pouco antes do embarque. Mas os cegos alegam que, quando compraram as passagens pela internet, não foram informados sobre alguma necessidade especial.

Fonte: Estado de Minas

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