A startup Trackage, de Uberaba, Minas Gerais, desenvolveu um dispositivo capaz de monitorar as bagagens após o despacho nos aeroportos. O hardware tem um chip integrado, e, quando colocado dentro da mala, envia informações em tempo real para um aplicativo de celular.
Ao adquirir o produto, basta o usuário baixar o aplicativo do Trackage em seu smartphone, e, em seguida, cadastrar as informações do dispositivo para começar a usá-lo. Pelo celular, o passageiro pode acompanhar a movimentação de seus pertences antes e depois de entrar no avião, além de receber um aviso caso haja alguma violação.
O dispositivo concorre com a norte-americana Trakdot, que chegou ao mercado brasileiro em 2014, porém com alguns diferenciais. O produto importado utiliza o sistema Bluetooth para avisar se a bagagem está próxima ao passageiro, e envia informações via e-mail e SMS sobre a localização.
Desenvolvido no Brasil, o Trackage funciona com o sistema GPRS, tecnologia que utiliza a rede móvel para transmitir dados para celular. “Pelo aplicativo, o passageiro acompanha todo o trajeto feito pela mala antes e depois do voo”, explica o CEO do Trackage, Victor Hugo. Para não emitir radiofrequência dentro do avião, o aparelho consegue detectar o momento da decolagem e entra em stand-by durante a viagem.
Buscando dar mais durabilidade no uso do produto, o empreendedor substituiu o modelo de funcionamento por pilhas. O Trackage utiliza uma bateria recarregável, que dura 100 horas. A recarga é feita por um cabo USB, que acompanha o produto na hora da venda.
Monitoramento
O dispositivo também conta com uma tecnologia que detecta qualquer tipo de violação na bagagem, enviando imediatamente um aviso para o smartphone. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), de 18.830 reclamações feitas por passageiros em 2015 nas companhias aéreas, em voos nacionais e internacionais, 4.449 eram relacionadas a problemas com bagagens.
Hugo diz que, além do uso do aparelho, os usuários terão suporte da empresa nos casos de extravio de bagagem. “Estamos estruturando uma equipe de atendimento e também negociando com duas empresas de aviação para ter um procedimento quando o passageiro reportar problemas com a mala”, afirma.
A ideia do Trackage surgiu em dezembro 2013, quando o Atlético Mineiro – time de futebol para o qual Hugo torce – embarcou para o Marrocos para disputar o Mundial de Clubes da Fifa.
“O Cuquinha [auxiliar técnico da equipe] teve a mala extraviada e dentro dela estavam todas as informações sobre os adversários do campeonato”, conta Hugo. Ao ver a notícia, o empreendedor passou a analisar a situação mais de perto e avaliou que existia um mercado a ser explorado.
No último levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), em 2014, para cada mil passageiros embarcados em voos domésticos, o índice de extravio de bagagens era de 3,1%.
No mundo todo, em 2015, o índice de extravios foi de 6,5% para cada mil passageiros embarcados. Os dados são do Sita Baggage Report 2016, calculados pela Sita, multinacional de serviços direcionados para a indústria de aviação.
Além dos aeroportos
Como trabalha com a rede de dados móvel, o Trackage possibilita que o usuário também utilize o dispositivo em locais fora dos aeroportos. O CEO da startup dá como exemplo uma situação em que um hóspede deixa suas malas no hotel e, ao sair, continua fazendo o monitoramento pelo aplicativo.
Por esse motivo, os desenvolvedores também criaram o que chamam de Dashboard. A plataforma, voltada para clientes corporativos, funciona como um painel de controle, acessado pela web, para que clientes monitorem cargas e frotas enviadas pelas suas empresas. Assim como nas bagagens, o dispositivo mostra o deslocamento e alerta sobre violações nos equipamentos.
Planos de contratação
Quem quiser adquirir o produto terá três opções a partir da pré-venda. No primeiro plano, o dispositivo custará R$ 179 e será cobrada uma mensalidade de R$ 19. O plano anual venderá o produto por R$ 269, mais uma anuidade de R$ 129, sendo que a primeira é gratuita. Já o plano Lifetime tem um preço fechado de R$ 550, sem taxa de manutenção.
O diretor da Oxigênio Aceleradora, Italo Flammia, conta que a startup foi uma das cinco escolhidas para participar do primeiro ciclo de aceleração de negócios. “É uma solução complexa, pois qualquer coisa que envolva hardwares requer muitos componentes e muito trabalho. Acreditamos na ideia e colocamos um gerente de projetos interno para garantir o crescimento do projeto”, explica.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria