Em meio a uma crise econômica, com um desemprego em torno de 25% e exportando profissionais, a Espanha quer negociar com o governo brasileiro a facilitação de vistos para jovens com alta qualificação que quiserem trabalhar no País. De acordo com o embaixador da Espanha no Brasil, Manuel de la Cámara Hermoso, o processo, demorado e caro, dificulta a entrada de trabalhadores que hoje são necessários à indústria brasileira.
“O mercado de trabalho hoje na Espanha não está muito forte e o Brasil é um país que tem grande atrativo por ser um mercado importante e com grande necessidade de mão de obra qualificada”, afirmou. “Seria bom ter uma legislação para regular a entrada de pessoas com boa qualificação. Alemanha, Estados Unidos e Canadá são muito mais abertos nesse ponto.”
A combinação de turbulência econômica extrema na Península Ibérica e a escassez de especialistas em determinadas áreas têm realmente feito crescer a imigração de espanhóis e portugueses para o Brasil. Muitos chegam aqui sem empregos assegurados, com autorização de turista, para então tentar um trabalho. Outros procuram agências e empresas que prometem vagas no País.
Dificuldades
O governo brasileiro reconhece que o procedimento é demorado. Para trabalhar no Brasil, é preciso que o candidato venha com a vaga certa e a empresa peça a permissão de trabalho para o novo funcionário. Um dos requisitos é demonstrar a falta de profissionais qualificados no mercado.
No entanto, a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República discute desde agosto uma proposta de mudança na legislação para facilitar e incentivar a imigração de profissionais de alta qualificação. A meta é atrair especialistas com conhecimento de alta tecnologia que possa agregar experiência aos métodos industriais do Brasil. Um estudo sobre essas mudanças deve ser entregue até o fim de novembro.
Para o embaixador da Espanha no Brasil, o assunto deve ser tema dos próximos encontros bilaterais entre os dois países – um deles deve ocorrer em novembro, durante a Cúpula Ibero-americana, em Cádis, no sul da Espanha.
Barrados
Depois que o pior da crise de brasileiros barrados no aeroportos de Madri passou, os espanhóis sentem-se mais à vontade para tratar de assuntos imigratórios. “Felizmente, a situação mudou completamente. O número de barrados agora é praticamente nulo. Em setembro, foram apenas quatro, e pessoas que estavam na lista internacional de procurados”, afirmou o embaixador. Este ano, no total teriam sido proibidos 415, a maior parte deles antes de abril, quando o Brasil passou a adotar a reciprocidade, o que levou a um acordo com o governo espanhol para diminuir as exigências.
Fonte: Estado de S. Paulo