Diante o aumento da preocupação mundial com a epidemia de Ebola, o governo brasileiro está reforçando os procedimentos em portos e aeroportos para a identificação de casos suspeitos de infecção pelo vírus. Desde o último fim de semana, os aeroportos internacionais começarão a veicular mensagens sonoras alertando sobre os sintomas da doença.
Apesar do baixo risco da entrada de pessoas contaminadas no Brasil, o Ministério da Saúde fará, como prevenção, um alerta sonoro nos aeroportos orientando viajantes internacionais que apresentem sintomas de febre, diarreia, tosse e hemorragia a procurarem as autoridades de saúde.
As equipes de bordo das companhias aéreas que fazem voos internacionais também deverão avisar as autoridades sanitárias no aeroporto de destino sobre qualquer passageiro que apresente quadro de doença infecciosa durante a viagem. A partir dessa comunicação, será providenciada a remoção desse passageiro e a transferência para hospital de referência.
O mesmo procedimento também será adotado nos portos. Navios transatlânticos, que segundo normas internacionais devem ter uma área de isolamento para o caso de haver um caso suspeito durante a viagem, deverão alertar as autoridades de saúde do porto de destino se um tripulante ou passageiro apresentar sintomas de infecção pelo Ebola.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, reforçou que o aumento dos cuidados estão sendo tomados por precaução para que eventualmente uma pessoa em viagem internacional não se descuide caso apresente sintomas que possam estar associados ao Ebola e tenha passado por países onde está havendo o surto.
O governo também ativará um centro de operações de emergência para monitorar as informações sobre a doença em território brasileiro e no mundo. Equipamentos de proteção (como macacões) providenciados para eventual uso durante a Copa do Mundo estarão disponíveis nas cidades com aeroportos internacionais.
Chioro descartou qualquer suspeita de casos de Ebola no Brasil e considerou “improvável” a entrada de alguma pessoa infectada no país. “Não há risco de proliferação da doença no nosso país, neste momento”, frisou o ministro.
Segundo ele, na hipótese de alguma pessoa vinda dos países em que está ocorrendo o surto chegar ao país com sintomas da doença, ela será isolada e levada a hospitais de referência. “O Brasil tem seguido todas as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). É fundamental entender que a elevação do quadro de emergência internacional significa um alerta mundial para manutenção da cooperação internacional para que se restrinja o problema aos países que estão tendo o surto”, disse Chioro.
Como precaução, o governo ativou o Nível 2 do Centro de Operação de Emergência em Saúde. Nesse nível uma equipe fica em alerta para agir na eventualidade de um caso suspeito da doença. “O Nível 0 é de monitoramento de casos infecciosos no Brasil e no mundo. O Nível 1 é quando estão ocorrendo casos no Brasil que possam exigir a presença de equipes do ministério”, explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
O secretário disse que não há restrição de viagem aos países afetados. Segundo ele, a restrição é apenas para pessoas que queiram sair dos países do Oeste da África, onde está localizado o surto. Em Serra Leoa, na Guiné-Conacri e Libéria as autoridades fazem triagens nos aeroportos para evitar que pessoas que tiveram contato com doentes deixem os países.
O ministro da Saúde recomendou que profissionais de saúde brasileiros só viagem para as áreas afetadas em missões oficiais do Brasil ou da OMS.
Barbosa ressaltou que a transmissão de humanos para humanos ocorre por meio do contato direto com sangue e fluídos corporais dos doentes ou mortos. “A transmissão só começa após o início dos sintomas. Pessoas em estágio de encubação não transmitem o vírus”, ressaltou o secretário.
De acordo com o Ministério da Saúde, o período de incubação do vírus é de um a 21 dias, sendo que os sintomas da doença surgem na maioria dos casos entre sete e 14 dias após a contaminação. Uma das características do Ebola é que o início é abrupto e a doença se agrava rapidamente. Não há medicamentos específicos ou vacina e a letalidade é 68%.
Com informações da Agência Brasil