O Airbus A320 da Germanwings que caiu nos Alpes Franceses, em março, estava em operação desde 1990 e deixa uma pergunta no ar: como e quando uma companhia aérea decide se a aeronave já não está mais apta a continuar operando?
A aeronave que operava o voo 9525, por exemplo, foi a primeira do modelo A320 a ser adquirida pela subsidiária low-cost da Lufthansa. No mundo da aviação, o modelo A320 da Airbus é considerado um dos mais seguros atualmente, com probabilidade de 0,24 de ocorrer algum incidente para cada 1 milhão de decolagens, bem abaixo da média mundial que chega a 1,44, calculada pela Boeing de 1959 a 2013.
A vida útil de uma aeronave como o A320 varia de 25 a 30 anos, e não é normal um avião superior a três décadas de idade ainda estar voando. De fato, companhias aéreas renomadas como Delta, United e American Airlines possuem uma grande frota de aeronaves antigas que ainda estão em operação atualmente (e sem maiores problemas). Então, quando aposentar uma aeronave?
Uma das respostas vem de Brent Bowen, do Colégio de Aviação da Embry-Riddle Aeronautical University e co-criador do Airlines Quality Rating (qualificação de companhias aéreas). “A decisão é tomada da mesma maneira que nós, consumidores, decidimos quando comprar um novo veículo. Por exemplo: já está na hora de trocar de carro? Ainda vale a pena permanecer com o veículo mesmo com os custos de manutenção? As aéreas acabam indo pelo mesmo viés ao tomar essa decisão”.
“Os principais fatores por trás da decisão de aposentar uma aeronave são, na maioria das vezes, de caráter financeiro. Aeronaves mais antigas têm, consequentemente, um consumo maior de combustível e um custo maior de manutenção”, acrescentou Maxwell Leitschuh, analista da iJET International.
De acordo com o analista da indústria da aviação, Henry Harteveldt, a decisão de aposentar uma aeronave da frota está totalmente ligada ao custo-benefício: é mais barato manter o avião operando mesmo com todo o custo de manutenção, ou é melhor investir em uma nova unidade para realizar a reposição? “As companhias aéreas geralmente compram aviões com a intenção de opera-los entre 10 e 20 anos. Elas podem até manter as aeronaves em operação por mais tempo, mas eles adquirem e planejam utilizar o modelo neste intervalo entre uma ou duas décadas.”, disse Harteveldt.
Apesar da vida útil já estimada para cada modelo, a idade de uma aeronave realmente não é uma característica que as companhias consideram durante a manutenção e inspeção. “As aéreas acabam calculando a vida útil de acordo com o número de decolagens, aterrissagens e quantas horas cada modelo permaneceu no ar”, disse Brent Bowen.
O avião da Germanwings que caiu nos Alpes Franceses, por exemplo, tinha 58,300 horas acumuladas em 46,700 voos operados. de acordo com a Airbus. “A idade não é um indicador de segurança. A idade é, de fato, um resultado da qualidade de manutenção que a companhia fornece. Se uma aérea não cuida bem de sua aeronave, a mesma pode ser descartada em poucos anos. Já um avião bem conservado pode voar por um longo tempo”, frisou Harteveldt.
Fonte: Mercado e Eventos