Na volta de uma viagem ao exterior podem surgir várias dúvidas a respeito do que fazer com os dólares ou qualquer outra moeda estrangeira que tenha sobrado. Será melhor trocá-la imediatamente por reais ou guardá-la para a próxima viagem? Veja o que fazer e o que não fazer com as sobras de viagem:
Não existem restrições legais quanto a guardar moeda estrangeira em casa. Mas é claro que manter dinheiro vivo na gaveta, seja em moeda nacional ou estrangeira, representa um risco caso ocorra um roubo à residência. Ainda assim, se você for viajar de novo em breve, não há problema algum em aproveitar as sobras.
Nelson Gasparian, diretor da casa de câmbio Cotação, do grupo Rendimento, lembra que a ideia de dólar ou libra como reserva de valor caiu por terra. Com a inflação brasileira controlada, o risco de se especular com moeda estrangeira não compensa.
Caso não tenha perspectiva de viajar novamente, melhor reconverter o papel-moeda novamente para reais. Deixar o dinheiro em casa por muitos anos – digamos uns cinco ou até dez anos – pode ser arriscado.
“É comum as cédulas passarem por atualizações de segurança para dificultar a falsificação. A nota de 50 reais, por exemplo, mudou recentemente. Quando uma pessoa guarda cédulas em casa durante anos, corre o risco de ficar com uma moeda desatualizada, que deverá ser trocada em um banco do próprio país emissor daquela moeda”, explica Gasparian.
Moedas desatualizadas dificilmente serão aceitos nas casas de câmbio. Ou seja, ficar com notas antigas em mãos pode acabar dando mais trabalho do que se imagina.
Quem volta de viagem com um cartão pré-pago com sobras não precisa ter toda essa preocupação com a desatualização das notas. Só precisa ficar atento a duas coisas.
Primeiro, se seu cartão tiver cobrança de taxa de inatividade por falta de uso, após determinado prazo, você vai perder um trocadinho todo mês, o que ao final de muitos anos pode zerar o seu cartão. “Os bancos pagam para a bandeira do cartão, então fazem essa cobrança para recuperar o valor e deixar o cartão ainda ativo”, diz Nelson Gasparian. O segundo ponto de preocupação é o fato de que o cartão pode ficar inativo após certo tempo.
Contudo, outra vantagem do cartão pré-pago é a segurança, inclusive para quem quer simplesmente ir comprando moeda aos poucos antes de viajar. Ele pode ficar bloqueado em território nacional e ser desbloqueado apenas na hora de viajar. E em caso de perda, furto ou roubo, pode ser desativado e reposto, sem perda de valores.
Armazenar valor em moedas estrangeiras também é uma tremenda armadilha. Muitos países têm economias instáveis ou inflação galopante, o que pode fazer você perder muito dinheiro. É o que acontece com o peso argentino, que embora tenha bastante liquidez no Brasil, é aconselhável trocar de volta para reais imediatamente.
De acordo com Nelson Gasparian, as moedas mais líquidas e estáveis para deixar armazenadas em casa são dólar americano, dólar canadense, dólar neozelandês, dólar australiano, libra, euro, iene e franco suíço.
Casas de câmbio não trocam moedinhas metálicas nem moedas exóticas. Nelson Gasparian explica que no Brasil ninguém quer comprar moedas metálicas, o que torna as casas de câmbio resistentes a aceitá-las. “Talvez por causa da inflação o brasileiro não desenvolveu o hábito de usar moedas no dia a dia. Aí, quando viaja, vai colocando todas as moedas em um saquinho, em vez de colocá-las para circular. Só que ao final do passeio, o saquinho virou um sacão com uma bela quantia que ele não vai conseguir recuperar”, diz o diretor da Cotação.
Em relação às moedas exóticas, de menor liquidez, Gasparian aconselha a trocá-las por dólares ou euros antes de retornar ao Brasil. O dinheiro de países como Turquia, Rússia, Peru ou Venezuela não encontram compradores no Brasil.
Fonte: Você S/A