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06/02/2019

Entidades ligadas ao turismo debatem os impactos da tragédia em Brumadinho

A notícia de que a Pousada Nova Estância foi varrida do mapa com a força do “mar de rejeitos” na tragédia de Brumadinho, com todos os hóspedes, proprietários e funcionários dentro, criou comoção entre amigos, antigos frequentadores e entidades ligadas ao turismo. O local, frequentado por celebridades como Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros artistas que vinham visitar Inhotim, ficava justamente na rota por onde a lama passou destruindo tudo. Perplexa diante da gravidade da tragédia, a advogada ligada ao setor turístico Luciana Atheniense reuniu representantes de entidades de turismo para debater o impacto da calamidade para a região, Minas Gerais e o Brasil.

“Este momento é de união em relação a Minas Gerais. Neste primeiro momento, diante da sociedade civil não temos como fazer nada. Estamos em choque. Já no segundo momento, seria cobrar a prevenção.” Dessa maneira, Luciana Atheniense inicia a conversa para o grupo formado por representantes do turismo em Minas, que inclui Roberto Fagundes, presidente da Federação de Convention e Visitors Bureau de Minas Gerais; Mônica de Alencar Castro, Sebrae; Beth Ribeiro, Conselho de Turismo da ACMinas; Marcos Valério Rocha, coordenador regional da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação; e Hernani de Castro Júnior, secretário-executivo do Belo Horizonte Convention & Visitors Bureau.

Na reunião, muito se falou da importância do turismo em Minas como atividade economicamente limpa, que gera emprego e renda para milhares de pessoas. O foco principal foi o Instituto Inhotim, que projetou a cidade de Brumadinho, Minas e o Brasil no exterior. “Posso afirmar: Inhotim extrapolou e passou Ouro Preto em popularidade. A reabertura do instituto (ainda sem data definida) é fundamental. Sabemos que o momento agora é de luto e que a direção do instituto está prestando apoio aos funcionários (80% dos empregados vivem na região atingida). Assim que o centro de artes reabrir as portas, precisamos pensar em ações em comum, em prol da comunidade e dos empreendimentos turísticos na região”, afirma Roberto Fagundes.

No ano passado, o Sebrae enviou projeto para o Ministério do Turismo (Mintur), dentro do Plano de Investimentos Turísticos, que contempla ações de fomento, desenvolvimento e divulgação em nove cidades históricas mineiras. Mesmo não fazendo parte desse circuito, Brumadinho foi incluída, por conta da presença de Inhotim na região. “O projeto do Mintur é em torno de R$ 200 milhões para todo o país. Minas será contemplada com algo em torno de R$ 2,6 milhões. Com a tragédia, esperamos que o recurso entre na pauta e seja liberado com urgência. Estaremos à disposição dos empreendedores de Brumadinho e entidades para discutir ações em projetos, como fizemos na comunidade atingida de Bento Rodrigues, em Mariana. Lá, ajudamos empreendedoras individuais a desenvolver geleias com pimenta biquinho e outros quitutes”, lembra Mônica de Castro.

“Vivemos séculos de dependência da mineração. O estado que tem Minas no nome vive da exploração do metal em suas montanhas muito antes da chegada das pousadas e hotéis nas regiões mineradoras. E a arrecadação com o turismo não representa nada para as cidades históricas de Minas Gerais. Com exceção de Tiradentes, São João del-Rei e Monte Verde, que vivem exclusivamente da cadeia produtiva do setor de turismo. Se, antes, Minas não tinha projeção como destino no país ou no exterior, acredito que daqui pra frente precisaremos investir em ações além das gerais para atrair visitantes”, observa Marcos Valério Rocha, coordenador da FBHA, em Minas.

Beth Ribeiro, vice-presidente do Conselho de Turismo da Associação Comercial de Minas, avalia as consequências imediatas da tragédia para a região e percebe os riscos da existência de barragens como as do Fundão, em Mariana, e Córrego do Feijão, em Brumadinho, próximas às centenas de empreendimentos turísticos, monumentos e cidades históricas: “O turismo na região sofre um baque imenso com essa tragédia. Lamentamos a morte do Marcinho e da Cleo (Márcio Mascarenhas e a esposa Cleosane Coelho, donos da Pousada Nova Estância). As primeiras consequências que se veem são os cancelamentos nas pousadas e hotéis da região. Até reservas programadas para o mês de agosto foram canceladas. Um grande impacto em toda a cadeia produtiva do turismo, que envolve hospedagem, prestadores de serviços, bares e restaurantes. Não é hora de a gente torcer um pano de chão com sangue. Em Minas, temos um turismo rural maravilhoso e precisamos repensar a promoção do estado, com apoio das entidades aqui representadas, bem como a participação efetiva da Secretaria de Estado de Turismo e da Embratur”.

Fonte: Portal Uai – por Carlos Altman/Turismo

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