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Artigos

12/04/2020

Sem turistas, Ouro Preto tem Semana Santa com ruas vazias e prejuízo para o comércio

Ouro Preto (Foto: Humberto Martins)

No lugar da serragem, as pedras nuas. Em vez de músicas sacras, o silêncio, mas, no coração do povo, a fé se manteve na ressurreição de Cristo. Por causa da pandemia de coronavírus, uma tradição centenária será quebrada nesta Páscoa em Ouro Preto, Região Central de Minas Gerais. Os tapetes artesanais que sempre cobriram as ruas do centro histórico para a passagem do santíssimo sacramento, os sermões e missas que usualmente lotam as igrejas saem de cena, levando os católicos ao recolhimento em casa e ao isolamento social. As ladeiras do município histórico, patrimônio cultural da humanidade segundo a Unesco, estão vazias nesta Semana Santa, época, em geral, de turismo efervescente, e as barracas do artesanato local permaneceram fechadas.

Entretanto, o período tão importante para os católicos não deixará de ser celebrado. Cada uma das paróquias de Ouro Preto segue sua rotina de liturgias, levando bênçãos a distância por meio de sites e emissoras de rádio e TV locais. Curiosamente, em algumas oportunidades, as transmissões têm engajando até mais fiéis do que as cerimônias presenciais.

Segundo o padre Marcelo Moreira Santiago, pároco da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, uma das mais tradicionais da cidade, no domingo de Ramos, a celebração conquistou mais de 22 mil acessos em apenas um dos sites abertos ao público. O número equivale a quase um terço da população ouro-pretana – cerca de 70 mil habitantes – e é bastante representativo, considerando-se que cada aparelho conectado pode levar o ato religioso a várias pessoas.

O pároco afirma, ainda, que, em sua pesquisa, não encontrou registros históricos de que o momento de recolhimento dos fiéis tenha ocorrido em outra época da história de Ouro Preto, nem mesmo entre os anos de 1918 e 1920, quando a gripe espanhola infectou 500 milhões de pessoas – cerca de um quarto da população mundial.

Ainda se valendo da história, Padre Marcelo relembra que a ausência dos fiéis nas igrejas não é novidade para os cristãos. “Nos primeiros 300 séculos da Igreja havia perseguição do Império Romano. Não existiam templos. Celebrações se davam em espaços comuns, no ambiente das casas. A experiência atual nos faz voltar ao início do Cristianismo e perceber como é importante a família como unidade eclesial missionária, como espaço de vivência comunitária da fé”, afirma.

Comércio amarga prejuízo em Ouro Preto e Mariana

“Na Semana Santa, dava pra tirar uns R$10 mil. Desta vez, vendi R$100”. O relato é de Marco Antônio da Silva, de 49 anos, que há 25 atua no comércio de artesanato e semijoias em um pequeno estabelecimento próximo à Praça Tiradentes, no coração de Ouro Preto. O comerciante, assim como moradores e turistas que costumam – ou costumavam – ir com frequência à cidade histórica estão chocados com a falta de movimento nas ladeiras consideradas Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Unesco desde 1980.

Com igrejas e museus fechados, comércio com restrições de funcionamento e aulas suspensas na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e no Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), a cidade está praticamente vazia, de uma forma que nunca se viu. Na tradicional feira de produtos de pedra sabão, em frente à Igreja de São Francisco de Assis, apenas um vigia, em meio às esculturas cobertas por plástico para evitar os efeitos das intempéries.

Pai de cinco filhos, com idades entre 14 e 22 anos, Marco Antônio e a esposa são os únicos da casa que trabalham, ambos na loja, fechada desde o mês passado. “Estou esperando para ver o que o governo vai fazer sobre os alugueis. O meu está em dia, mas daqui a pouco vai começar a ‘pegar’”, conta o comerciante.

A queda de rendimento e as despesas, sobretudo com aluguel e funcionários se tornaram um pesadelo para os empresários ouro-pretanos. No centro histórico, os famosos imóveis em estilo barroco costumam ter preços de locação bastante salgados. Washington Luiz, proprietário de uma loja de produtos de artesanato na Rua Cláudio Manoel, conhecida como Rua do Ouvidor, desembolsa mensalmente R$ 7.500 pelo aluguel do ponto.

Além dos comerciantes, a pandemia impacta ainda mais trabalhadores autônomos das cidades turísticas do interior de Minas. Em Mariana, local de destino de viajantes durante a Semana Santa, também há restrição para circulação de pessoas. Entre os poucos que transitavam pelas ruas, o guia turístico Paulo Gomes da Silva, 46 anos, contou o drama de ver sua renda principal desaparecer de uma hora para outra.

“Não tem nenhum turista. Nada. Aqui na Praça Gomes Freire costuma ficar lotado de gente. Agora não se vê ninguém. Felizmente, eu tenho um trabalho de meio horário como vigia em uma quadra da prefeitura. Mas lá ganho só meio salário”. Em contraponto à pouca movimentação nas ruas de Mariana, um local com aglomeração de pessoas chamou a atenção. A véspera da Páscoa fez com que consumidores formassem uma fila no quarteirão da loja de chocolates Cacau Show.

Em contraponto à pouca movimentação nas ruas de Mariana, um local com aglomeração de pessoas chamou a atenção. A véspera da Páscoa fez com que consumidores formassem uma fila no quarteirão da loja de chocolates Cacau Show. Apesar de respeitarem uma certa distância uns dos outros, a quantidade de pessoas – cerca de 30, entre clientes e acompanhantes – em frente à pequena loja chamava a atenção.

A auxiliar administrativa Tainara Rodrigues, de 20 anos, foi ao local acompanhada da mãe e do irmão. Questionada sobre o risco de ir às ruas em meio à pandemia da Covid-19, sobretudo em um grupo de pessoas da mesma família, Tainara deu a entender que a vontade de degustar chocolates na Páscoa foi maior do que o receio de contrair a doença. “Tenho medo… Mas estou aqui”, confessou.

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⛪No lugar da serragem, as pedras nuas. Em vez de músicas sacras, o silêncio, mas, no coração do povo, a fé se manteve na ressurreição de Cristo. . ⛪Por causa da pandemia de coronavírus, uma tradição centenária será quebrada nesta Páscoa em Ouro Preto, Região Central de Minas Gerais. Os tapetes artesanais que sempre cobriram as ruas do centro histórico para a passagem do santíssimo sacramento, os sermões e missas que usualmente lotam as igrejas saem de cena, levando os católicos ao recolhimento em casa e ao isolamento social. . ⛪“Na Semana Santa, dava pra tirar uns R$10 mil. Desta vez, vendi R$100”. O relato é de Marco Antônio da Silva, de 49 anos, que há 25 atua no comércio de artesanato e semijoias em um pequeno estabelecimento próximo à Praça Tiradentes, no coração de Ouro Preto. O comerciante, assim como moradores e turistas que costumam – ou costumavam – ir com frequência às ladeiras históricas cidade histórica estão chocados com a falta de movimento na cidade. . ⛪Com igrejas e museus fechados, comércio com restrições de funcionamento e aulas suspensas na UFOP e no IFMG, a cidade está praticamente vazia, de uma forma que nunca se viu. . ⛪Na tradicional feira de produtos de pedra sabão, em frente à Igreja de São Francisco de Assis, apenas um vigia, em meio às esculturas cobertas por plástico para evitar os efeitos das intempéries. . ⛪Além dos comerciantes, a pandemia impacta ainda mais trabalhadores autônomos das cidades turísticas do interior de Minas. Em Mariana, local de destino de viajantes durante a Semana Santa, também há restrição para circulação de pessoas. Entre os poucos que transitavam pelas ruas, o guia turístico Paulo Gomes da Silva, 46 anos, contou o drama de ver sua renda principal desaparecer de uma hora para outra. . ⛪“Não tem nenhum turista. Nada. Aqui na Praça Gomes Freire costuma ficar lotado de gente. Agora não se vê ninguém. Felizmente, eu tenho um trabalho de meio horário como vigia em uma quadra da prefeitura. Mas lá ganho só meio salário”.

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